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A atenção despendida pelos califas, príncipes e notáveis da civilização islâmica para os estudiosos, cuidando deles, aliviando seus sofrimentos e encorajando-os a dedicar-se à difusão do conhecimento comprova o pioneirismo desta civilização em abraçar os sábios..jpg)
São famosos os grandes prêmios e conceções feitas pelos califas e governadores para os estudiosos no intuito de incentivá-los a adquirir mais conhecimento. Esses prémios eram, por vezes, além da imaginação. Por exemplo, um livro traduzido para o árabe foi pesado em ouro e o ouro foi dado para o tradutor[1]. O resultado foi um ativo movimento de tradução, levando à tradução de grandes ciências para os muçulmanos.
Mais impressionante, é o feito do Império Otomano, quando este conseguiu reunir os estudantes talentosos de todas as vilas e cidades, e deu toda a assistência a eles. Isso fez com que todos os estudantes talentosos dessem o máximo que tinham de artes e ciências, contribuindo assim para o progresso do império cultural e militarmente, até que se tornou o número um do mundo.
O interesse do Estado não se resumia apenas aos seus sábios, os governantes chamavam estudiosos de várias regiões para se beneficiarem de seus conhecimentos e para terem o prazer de prestar assistência a eles. O emir Al-Mu`izz ibn Badis, da dinastia Sanhaji no oriente árabe, sempre que ouvia sobre algum sábio o trazia na sua presença e, ainda mais, o tornava dos seus particulares e o honrava profundamente, confiava em suas opiniões, e lhe concedia os mais altos escalões.[2]
O sultão otomano Muhammad al-Fateh (Mehmet) nunca ouviu falar de um estudioso pobre sem que ele corresse para ajudá-lo e se empenhasse para fornecer-lhe meios de subsistência[3].
Esta imagem se esclarece quando ele diz na recomendação que fez ao seu filho quando estava no leito da morte. Ele disse: "... e sendo que os estudiosos são como o poder espalhado no corpo do Estado, honre-os e incentive-os. Se você ouvir falar de um deles em outro país traga-o e honre-o com dinheiro"[4].
Isto é o que encontramos sobre o relacionamento do Estado Islâmico com todos os sábios, sem distinguir entre muçulmanos e adeptos de outras religiões e crenças. Exemplo disso é a família de Bukhtishu Nestoriano, os membros desta família foram médicos da dinastia abássida por quase 70 anos (desde a época de al-Mansur até a época de Al-Mu` tamid). Sempre tiveram os devidos cuidados e atenção exclusiva[5]. Um membro desta família, Gabriel ibn Bukhtishu ibn Georges (falecido em 213 dH) foi o médico e amigo íntimo do califa Harun al-Rashid. Sua relação com a Al-Rashid ficou tão forte a ponto de Al-Rashid dizer aos seus companheiros: "Quem precisar algo de mim pode falar com Gabriel."[6]
Assim também ocorreu com Ibn Maimun AL-Andalussi (Maimônides de Andaluzia), que era judeu, era o médico particular de Saladino, que tinha um cuidado e preocupação especial por ele[7].
A atenção despendida pelos califas, príncipes e notáveis da civilização islâmica para os estudiosos, cuidando deles, aliviando seus sofrimentos e encorajando-os a dedicar-se à difusão do conhecimento comprova o pioneirismo desta civilização em abraçar os sábios. Isto, sem dúvida, dá uma imagem oposta do que observamos na Europa, onde os cientistas foram mortos e seus livros foram queimados e as instituições que governavam o povo - de todos os credos – eram obrigadas a se submeter às superstições da Igreja.
[2] Ver: Ibn `Azary: al-Bayan al- Mughrib fi Akhbar al-Andalus wa al-Maghrib, p 129.
[3] Ali Muhammad al-Salaby: al-Dawlah al-Uthmaniyyah Awamil `al-Nuhud wa Asbab al-Suqut (Império Otomano, fatores do progresso e causas da decadência), p 140.
[4] Idem, p 148.
[5] Al-Zirikly: al-A´lam, 2 / 44, 45.
[6] Idem, 2 / 111.
[7] Idem, 7 / 329.
[8] Abu Al-Faraj al-Asfahany, Ali ibn al-Hussain ibn Muhammad al-Qurashy al-al-Umawy Asfahany (de Isfahan), era um escriba, autor do livro al-Aghany. É dito que ele era um descendente do califa Hisham ibn Abdul-Malik. Ele é de Isfahan e cresceu em Bagdá. Veja: al-Dhahaby, 16/201 e Ibn Khallikan, Wafayat al- A´yan (Biografias dos Notáveis), 3 / 307.
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